terça-feira, 19 de julho de 2011




Arthur da Távola


POESIAS ROMANTICAS 1

A afinidade não é o mais brilhante, mas o mais sutil,
delicado e penetrante dos sentimentos.
É o mais independente.

Não importa o tempo, a ausência, os adiamentos,
as distâncias, as impossibilidades.
Quando há afinidade,
qualquer reencontro retoma a relação,
o diálogo, a conversa,
o afeto no exato ponto em que foi interrompido.

Afinidade é não haver tempo mediando a vida.
É uma vitória do adivinhado sobre o real.
Do subjetivo para o objetivo.
Do permanente sobre o passageiro.
Do básico sobre o superficial.

Ter afinidade é muito raro.
Mas quando existe
não precisa de códigos verbais para se manifestar.
Existia antes do conhecimento,
irradia durante e permanece
depois que as pessoas deixaram de estar juntas.
O que você tem dificuldade de expressar a um não afim,
sai simples e claro diante de alguém com quem você tem afinidade.

Afinidade é ficar longe pensando parecido
a respeito dos mesmos fatos que impressionam,
comovem ou mobilizam.
É ficar conversando sem trocar palavras.
É receber o que vem do outro com aceitação anterior ao entendimento.

Afinidade é sentir com, nem sentir contra,
nem sentir para, nem sentir por, nem sentir pelo.
Quanta gente ama loucamente,
mas sente contra o ser amado.
Quantos amam e sentem para o ser amado,
não para eles próprios.

Sentir com é não ter necessidade de explicar
o que está sentindo.
É olhar e perceber.
É mais calar do que falar, ou, quando é falar,
jamais explicar: apenas afirmar.

Afinidade é jamais sentir por.
Quem sente por, confunde afinidade com masoquismo.
Mas quem sente com, avalia sem se contaminar.
Compreende sem ocupar o lugar do outro.
Aceita para poder questionar.
Quem não tem afinidade, questiona por não aceitar.

Afinidade é ter perdas semelhantes e iguais esperanças.
É conversar no silêncio, tanto nas possibilidades exercidas
quanto das impossibilidade vividas.

Afinidade é retomar a relação no ponto em que parou
sem lamentar o tempo de separação.
Porque tempo e separação nunca existiram.
Foram apenas oportunidades dadas (tiradas) pela vida,
para que a maturação comum pudesse se dar.
E para que cada pessoa pudesse e possa ser,
cada vez mais a expressão do outro
sob a forma ampliada do eu individual aprimorado.

(Repasse com os devidos créditos)

QUERIA QUE FOSSES MEU...
Preciso dizer-te
É triste saber que a pessoa que você ama
não é completamente tua...
Que te dedicas tanto e teu esforço não é
reconhecido...
Que quanto mais fazes por esse amor
mais distante ele fica de ti...
É triste saber que nunca terás esse amor
de verdade...
Mas é gratificante saber que amas de verdade
e isso ninguém pode tirar de você!

Christiani Oliveira
19/07/2011

O Prazer de Viver

O Prazer de Viver



Adormecer do sol diário.
Pontilham luzes no horizonte longínquo.
Os sons imperativos do cotidiano dão lugar
aos murmúrios da natureza.
A tensão nervosa das emoções dá lugar
a uma suave sensualidade.
O calor incômodo do transcorrer do dia
dá lugar à brisa fria
que cria mornidão agradável.
O ar mais rarefeito
adentra com maior facilidade
os pulmões, alimentando o coração.
Uma satisfação, a principio oculta,
quer vir à tona, quer desabrochar em vida.
Sentimentos divididos se organizam
num seguro vivenciar sensorial.
Corpo e espirito parecem estar tão próximos...
Aconchego da alma no casulo corporal.
As sobras do crepúsculo tingem
de um sombrear dourado toda a paisagem.
Abandona-se à individualidade para se perder
numa confortável impessoalidade.
Finge perder-se de si, mas é posseiro
da própria integridade.
Sente afinidade com o universo sem ser
seu dono ou ter sua posse.
Estranha liberdade.
Identifica-se com os sonhadores
que se hospedam nas suas torres de marfim.
Nuvens rarefeitas dão um tom pessoal
à crepuscular pintura celeste.
O coração pulsa forte, parece dominado
por ingênua felicidade, por estar vivo.
O lado impalpável do ser se confraterniza
com sua face tangível.
Santificado suor denuncia a inquietação
das correntes sangüíneas, sente-se saudável.
A epiderme sente o afeto da harmonia do momento,
suaves caricias da natureza.
Os músculos preguiçosos
descansam sobre a estrutura óssea do corpo.
Abandona toda memória
para viver exclusivamente o presente.
Despoja-se das responsabilidades
e das velhas culpas.
Torna-se leve, identifica-se com a pluma
a planar nas correntes de vento.
Cercado por silêncio particular
parece ouvir sonora voz
a contar-lhe íntimos segredos.
Nunca a intimidade, foi tão integral.
Desapareceram as dúvidas,
torna-se dono de certezas.
Nasce a noite, a principio
apenas espreita no horizonte,
para depois abrir o seu manto.
Tecidos de seda, de eterelidade sensual,
de sedutora transparência.
O prazer é saudável, é reconhecimento de vida.
Desejava tocar com os lábios as faces da noite.
Envolve-se pelo conjunto de tudo,
passa a fazer parte, integrar-se.
Mergulha em si mesmo, para descobrir o todo
que o cerca e está feliz por isto.

Gilberto Brandão Marcon
por Christiani Oliveira