segunda-feira, 2 de março de 2009

Espaço Paulo Coelho

Autor de vários livros de sucesso, como "Diário de um Mago", " O Alquimista", entre outros.



O instante mágico

É preciso correr riscos. Só entendemos direito o milagre da vida quando deixamos que o inesperado possa se manifestar. Todos os dias Deus nos dá-junto com o sol-um momento em que é possível mudar tudo que nos deixa infelizes. Todos os dias, procuramos fingir que não percebemos esse momento, que ele não existe, que hoje é igual a ontem e será igual a amanhã.
Mas, quem presta atenção descobre o instante mágico. Ele pode estar escondido na hora em que enfiamos a chave na porta pela manhã, no silêncio logo após o jantar, nas mil e uma coisas que nos parecem iguais. Este momento existe-um momento em que toda a força das estrelas passa por nós, e nos permite fazer milagres.
A felicidade , às vezes, é uma bênção-mas geralmente é uma conquista. O instante mágico nos ajuda a mudar, nos empurra em busca de nossos sonhos. Vamos sofrer, vamos ter momentos difíceis, vamos enfrentar muitas desilusões-mas tudo isso é passageiro, inevitável, e terminaremos nos orgulhando das marcas que foram deixadas pelos obstáculos.
No futuro, podemos olhar para trás com orgulho e fé. Pobre de quem teve medo de correr os riscos. Porque esse talvez não se decepcione nunca, nem tenha desilusões, nem sofra como aqueles que têm um sonho a seguir. Mas quando olhar para trás-porque sempre olhamos para trás- vai escutar seu coração dizendo: " O que fizeste com os milgres que Deus semeou por teus dias? O que fizeste com os talentos que teu Mestre te confiou? Enterraste fundo em uma cova, porque tinhas medo de perdê-los. Então, esta é a tua herança: a certeza de que desperdiçaste tua vida".
Pobre de quem escuta essas palavras. Porque então acreditará em milagres, mas os instantes mágicos da vida já terão passado. Temos de escutar a criança que fomos um dia e que ainda existe dentro de nós. Essa criança entende de instantes mágicos. Podemos sufocar seu pranto, mas não podemos calar sua voz.
Se não nascermos de novo, se não tornarmos a olhar a vida com a inocência e o entusiasmo da infância, não existe mais sentido em viver. Existem muitas maneiras de se cometer suicídio. Os que tentam matar o corpo ofendem a lei de Deus. Os que tentam matar a alma também ofendem a lei de Deus, embora seu crime seja menos visível aos olhos do homem.
Prestemos atenção ao que nos diz a criança que temos guardada no peito. Não nos envergonhemos por causa dela. Não vamos deixar que ela tenha medo, porque está só e quase nunca é ouvida. Vamos permitir que ela tome um pouco as rédeas de nossa existência. Essa criança sabe que um dia é diferente do outro. Vamos fazer com que se sinta de novo amada. Vamos agradá-la-mesmo que signifique agir da maneira a que não estamos acostumados, mesmo que pareça tolice aos olhos dos outros.
Lembre-se de que a sabedoria dos homens é loucura diante de Deus. Se escutarmos a criança que temos na alma, nossos olhos tornarão a brilhar. Se não perdermos o contato com essa criança, não perderemos o contato com avida. Vivamos todos os instantes mágicos de 2009!

(Paulo Coelho)
Esoterismo
As duas gotas de óleo
No alto da pequena cidade de Tarifa, existe um velho forte construído pelos mouros. Lembro-me de ter sentado ali com minha mulher, Cristina, em 1982, olhando pela primeira vez um continente do outro lado do estreito: a África.
Naquele momento, não podia sonhar que a história a seguir, escutada no carro, serviria como um exemplo para todos nós.
Certo mercador enviou seu filho para aprender o segredo da Felicidade com o mais sábio de todos os homens. rapaz andou durante 40 dias pelo deserto até chegar a um belo castelo, no alto de uma montanha. Lá vivia o sábio que o rapaz buscava.
Em vez de encontrar um homem santo, porém, o nosso herói entrou numa sala e viu uma atividade imensa; mercadores entravam e saíam, pessoas conversavam pelos cantos, uma pequena orquestra tocava melodias suaves e havia uma farta mesa com os mais deliciosos pratos daquela região do mundo. O sábio conversava com todos e o rapaz teve de esperar duas horas até chegar sua vez de ser atendido. Com muita paciência, escutou atentamente o motivo da visita do rapaz, mas disse-lhe que naquele momento não tinha tempo de explicar-lhe o Segredo da Felicidade. Sugeriu que o rapaz desse um passeio por seu palácio.- Entretanto, quero lhe pedir um favor-completou, entregando ao rapaz uma colher de chá, onde pingou duas gotas de óleo.
-Enquanto você estiver caminhando, carregue esta colher sem deixar que o óleo seja derramado. O rapaz começou a subir e descer as escadarias do palácio, mantendo sempre os olhos fixos na colher. Ao final de duas horas, retornou à presença do sábio.
-Então- perguntou o sábio- você viu as tapeçarias da Pérsia que estão na minha sala de jantar? Viu o jardim que o Mestre dos jardineiros demorou dez anos para criar? Reparou nos belos pergaminhos de minha biblioteca?
O rapaz, envergonhado, confessou que não havia visto nada. - Pois então volte e conheça as maravilhas do meu mundo - disse o sábio. - Você não pode confiar num homem se não conhece sua casa. Já mais tranquilo, o rapaz pegou a colher e voltou a passear pelo palácio, desta vez reparando em todas as obras de arte que pendiam do teto e das paredes. De volta à presença do sábio, relatou pormenorizadamente tudo o que havia visto.
- Mas onde estão as duas gotas de óleo que lhe confiei?- perguntou o Sábio.Olhando para a colher, o rapaz percebeu que as havia derramado.
- Pois este é o único conselho que eu tenho para lhe dar - disse o mais sábio dos sábios. - O segredo da felicidade está em olhar todas as maravilhas do mundo e nunca se esquecer das duas gotas de óleo na colher.
(Paulo Coelho)

Um comentário:

  1. Olá amiga. Passei por cá, gostei do seu cantinho, acho que passa uma mensagem positiva que é tão necessário para o dia a dia. Aprecio Paulo Coelho, já li alguns títulos dele, recordo-me do "Alquimista", foi um dos últimos. Parabéns pelo erspaço e até breve. Tudo de bom.

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